A UE revelou esta quarta-feira uma nova estratégia para o Mar Negro que permitirá à região transportar melhor equipamento militar pesado, enquanto a ameaça russa paira sobre a Europa Oriental.
“A segurança no Mar Negro também é vital para a segurança europeia”, apontou Kaja Kallas, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, em conferência de imprensa, acrescentando que está a ser prejudicada pela guerra total do Kremlin na Ucrânia e pelos ataques híbridos à infraestrutura marítima.
A estratégia é também uma resposta aos “desafios geopolíticos” num mundo onde “as dependências estão a ser transformadas em armas”, afirmou Marta Kos, comissária para o Alargamento da UE. O Mar Negro é uma ponte para o Cáucaso Meridional e a Ásia Central, e uma artéria vital para o comércio de energia e alimentos, afirmou.
A região do Mar Negro foi desestabilizada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, já que o uso em larga escala de minas e as ações militares dificultaram o fluxo de mercadorias. Além disso, os países do Leste Europeu temem novas agressões de Moscovo além da Ucrânia e querem aumentar as suas capacidades defensivas.
Roménia e Bulgária são os países da UE na costa do Mar Negro, e o bloco investirá na modernização da infraestrutura regional, como portos, ferrovias e aeroportos, para receber equipamentos militares pesados. Isso ajudará a garantir que “as tropas possam estar onde forem necessárias, quando forem necessárias”, disse Kallas.
Anteriormente, o comissário europeu dos Transportes, Apostolos Tzitzikostas, disse que custaria cerca de 75 mil milhões de euros para atualizar a infraestrutura de transporte para uso militar em toda a Europa.
A UE também planeia estabelecer um Centro de Segurança Marítima do Mar Negro, que servirá como sistema de alerta precoce da Europa na região. Kallas afirmou que o centro aumentará a consciência situacional e ajudará a UE a proteger a sua infraestrutura crítica. A localização do centro, o seu modelo operacional e os custos ainda serão determinados, acrescentou.
Em relação ao comércio, a UE desenvolverá novos corredores de energia, ligações de transporte e infraestrutura digital com parceiros regionais, de acordo com Kos. O bloco também investirá na preparação das comunidades costeiras e da economia marinha para lidar com os danos ambientais causados pela guerra e responder aos riscos das mudanças climáticas.
“Em todo o mundo, os países procuram agora cooperação com parceiros confiáveis e previsíveis, como a UE”, relatou Kos. “Essas parcerias vão tornar-nos coletivamente mais seguros e criarão oportunidades de negócios para todos.”
Fonte: Executive digest