Sejam bem-vindos aos 50 anos da IACA

Sejam bem-vindos à comemoração dos 50 Anos da nossa Associação e em especial à Conferência “Passado, Presente e Futuro: Uma Indústria preparada para os Desafios da Sociedade” seguida do Jantar de Gala, e com muitas surpresas.

A realização do evento no magnífico Convento do Beato, justifica-se não só pelas condições que oferece para tão digna celebração, mas também pela histórica ligação do local à indústria de moagem, parceiro a quem desde há muito valorizamos os coprodutos, num verdadeiro exemplo de Economia Circular, muito antes deste conceito estar na agenda política e mediática. Nada é por acaso, e este detalhe demonstra o empenhamento que o nosso Sector tem em abraçar os desafios Societais, colaborando com os diversos stakeholders – associados, outras associações, a montante e a jusante, com a academia ou a investigação, o sistema científico e as autoridades oficiais – , na procura de soluções para um futuro e desenvolvimento assentes na Sustentabilidade.

Como é por demais conhecido por quem segue o que fazemos no dia-a-dia, o aprovisionamento e nutrição sustentáveis, como um dos pilares da Visão 2030 do nosso sector, é uma das respostas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Neste ponto, temas como a dieta mediterrânea, que é apontada como exemplo de uma dieta saudável e sustentável, está na ordem do dia, bem como a promoção de alterações aos hábitos de consumo, e uma cada vez maior exigência dos consumidores para que a indústria estabeleça métricas, ou metodologias, que garantam a sustentabilidade tendo por base a ética e não apenas a legislação; temos a perceção de que as políticas de subsídios agrícolas terão cada vez mais em conta, não apenas a produção, mas a sustentabilidade das produções através da contabilização do “verdadeiro” custo da alimentação; na alimentação animal como forma de sermos mais sustentáveis, há que olhar também para a introdução de insetos como fonte de proteína e outros nutrientes, obtidos através do processamento de desperdícios alimentares; também já é claro que diversos modos de produção de carne e produtos de origem animal são necessários, não só como forma de aproveitamento de muitos coprodutos e obtenção de proteína altamente eficiente, como por exemplo, temos regiões do mundo e do nosso pais, onde o pastoreio é essencial e a única forma de garantir rendimento e produção de riqueza de uma forma sustentável; por outro lado, a chamada “carne de laboratório” não é uma solução contra a carne, pois não parece resolver todas as questões nem garantir o equilíbrio que a produção animal nos oferece, mas representa uma das repostas para um crescente número de flexitarians, que se sentem mais ambientalmente sustentáveis, se reduzirem o consumo de carne por fontes alternativas de proteína.

Todas estas tendências são compatíveis com algumas das respostas que obtivemos no Estudo de Reputação do Setor da Alimentação Animal, realizado este ano pela IACA, das quais destacaria as seguintes:
– Os Portugueses concordam com a importância da indústria pecuária, à qual se dirige a maioria dos produtos de alimentação animal em Portugal, e consideram que é um setor que merece investimento e modernização;
– Três em cada quatro Portugueses não tinha conhecimento da reciclagem de produtos derivados da alimentação humana na alimentação animal. Aproximadamente a mesma percentagem considera que este sector é relevante para o país, e que é importante reduzir a pegada ambiental do mesmo;
– A quase totalidade dos Portugueses consome carne várias vezes por semana; ¼ consome este produto todos os dias. O peixe é consumido com menor frequência, embora estejam em maioria aqueles que o consomem mais que uma vez por semana; o leite tem o consumo mais polarizado: tende a ser consumido todos os dias ou não ser consumido de todo. Os ovos são tendencialmente consumidos entre 1 a 4 vezes por semana.

Temos que projetar os próximos 50 anos, e um dos dados mais importantes é de que o Planeta terra terá em 2050 cerca de 10.000 milhões de habitantes e teremos de ser capazes de produzir alimentos seguros e de forma sustentável para todos eles.

Para quem tem a felicidade de estar no sector agroalimentar, o futuro só poderá ser risonho! Saibamos assumir as responsabilidades e o nosso papel na Sociedade.

José Romão Braz
Presidente da IACA