Somos parte da solução!
Numa altura em que a FEFAC acaba de eleger o seu Board para o próximo triénio, no qual orgulhosamente estamos presentes, com o meu amigo Pedro Cordero na liderança da nossa organização europeia, as prioridades, quer a nível europeu, quer nacional, prendem-se com as Estratégias nutricionais para a melhoria da sustentabilidade em produção animal – eu arriscar-me-ia a dizer em busca do Santo Gral da produção neutra em emissões!
Estou obviamente a usar um recurso linguístico, pois é um caminho que não é fácil de concretizar e mesmo que o façamos, teremos de o comunicar de forma eficaz e convincente, mostrando e demonstrando, com dados concretos e baseados na Ciência, de uma forma credível e responsável.
No entanto, temos de considerar a realidade geopolítica e geoestratégica do nosso mundo atual que tanto impacta o nosso dia-a-dia, bem como dos centros de decisão em Bruxelas (Comissão, Conselho e Parlamento Europeu), mais especificamente com a infeliz perda de centralidade da DG AGRI para as DG SANTE e DG ENVI, ou seja, a saúde e o ambiente, leiam-se as alterações climáticas, que dominam a agenda política e mediática, deixando a agricultura e a agroindústria como um “parente pobre” do desenvolvimento económico da União Europeia.
A segurança alimentar em termos de disponibilidade de alimentos, parecer ter passado, depois do protagonismo e da relevância decorrentes da COVID-19 e do início do conflito na Ucrânia, para um plano secundário, ainda que todos reconheçam a enorme resiliência do Setor.
Apesar da realidade do Pacto Ecológico Europeu, da Politica do Prado ao Prato e as implicações do combate cego à deflorestação e possível impacto no regular abastecimento de oleaginosas à Europa, tanto em quantidade como a preços competitivos, a verdade é que parece haver uma luz ao fundo do túnel no que se refere à possível revisão de algumas das metas inverosímeis e inalcançáveis, numa altura que a própria FAO, que também não é reconhecida por posições muito próximas do nosso setor e com posições muitas vezes sem considerar a realidade, teve um assombro de realismo e chamou a atenção para que as politicas de sustentabilidade não deverão sacrificar a segurança alimentar no seu sentido de disponibilidade de aprovisionamento a preços justos e acessíveis às populações.
Assim, relembramos a Carta de Sustentabilidade da FEFAC já de 2020 e desde a primeira hora subscrita pela IACA, cujo 3º Relatório de progresso foi apresentado em junho passado no 30º Congresso FEFAC realizado em Ystad na Suécia, no qual tive a oportunidade de participar e testemunhar a elevada qualidade de algumas das apresentações.
Não é demais reforçar a importância fundamental e o equilíbrio nos 3 pilares da sustentabilidade – ambiental, social e económico – , pois sem empresas viáveis e devidamente capitalizadas, não há política de sustentabilidade que sobreviva.
É, pois, neste cenário que temos de nos concentrar em trilhar um caminho de colaboração para nos conseguirmos afirmar como parte da solução.
Não posso deixar de referir o nosso FEEDINOV o Laboratório Colaborativo do nosso setor e cada vez mais se afirma como uma voz independente e reconhecida cientificamente para nos ajudar nas estratégias nutricionais para a melhoria da sustentabilidade da produção animal.
É fundamental que todas as nossas empresas apresentem Relatórios de Sustentabilidade tendo por base os GRIs e se preparem para o reporte obrigatório que chegará dentro de poucos anos.
A Inovação para a Sustentabilidade deve ser, nesta perspetiva, a bússola da Indústria para os próximos anos, para que seja possível mostrar aos decisores políticos, de uma forma inabalável, sem alguma dúvida, que somos parte da solução.
José Romão Braz
Presidente da IACA