O risco de uma recessão na Zona Euro está a crescer. Saiba a que se deve este fenómeno e como se pode preparar para as dificuldades que se aproximam.

Os especialistas alertam: há uma séria probabilidade de vivermos uma nova recessão na Zona Euro. A economia alemã, uma das maiores a nível mundial e o “motor” da UE, está a abrandar e o Banco Central Europeu já anunciou a subida das taxas de juro. E há mais sinais de alarme.

Descubra o que é uma recessão, o que está a originar este fenómeno e descubra algumas formas de preparar a sua família para os tempos que aí vêm.

O que significa recessão?

O termo recessão designa uma diminuição geral na atividade económica durante um determinado período de tempo. Considera-se que a economia entrou em recessão após dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB), descontado o efeito da inflação.

Portugal está longe de ser imune a este fenómeno. Pelo contrário, a atividade económica atravessou seis recessões desde a década de 80.

O que origina uma recessão?

Até certo ponto, a contração da economia é considerada como uma fase normal e expectável. A economia, por natureza, é dinâmica e cíclica, pelo que implicará sempre quedas e ascensões ao longo do tempo. No entanto, para justificar uma recessão, há normalmente fatores bem definidos.

1. Conflitos armados

Um dos fatores que contribui para a recessão que paira sobre Portugal neste momento está associado ao conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, ainda sem fim à vista.  Esta guerra perturbou significativamente o equilíbrio geopolítico mundial, gerando tensões na produção que já se encontrava fragilizada por força da pandemia. Fechando-se por completo o fornecimento do gás russo aos países europeus, a recessão será ainda mais expressiva. Aliás, mesmo se a guerra terminasse hoje, os efeitos devastadores na economia ainda se fariam sentir durante muito tempo.

2. Catástrofes ambientais e sanitárias

A mais recente pandemia levou à recessão global, não só pela influência direta da doença, mas sobretudo pelas fortes medidas de restrição sanitária impostas pelos governos para travar o contágio.

Empresas em lay-off, comércio encerrado, atividades letivas suspensas, viagens adiadas e o isolamento não poderiam conduzir a outro desfecho senão uma marcada contração económica. Mesmo depois de a pandemia estar relativamente controlada, os efeitos ainda hoje se fazem sentir – e a recuperação que poderia existir pós-Covid está a ser travada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Além disso, a política chinesa de Covid-zero está a constranger fortemente as cadeias mundiais de abastecimento, o que não é economicamente animador.

3. Decisões do Banco Central Europeu

A este panorama junta-se agora uma atitude mais reativa e determinada dos bancos centrais em fazer subir os juros para combater a inflação, criando-se assim as condições para uma recessão mundial. O aumento de juros origina maiores dificuldades para as famílias portuguesas fazerem face aos compromissos financeiros, como os créditos que possam deter, e obriga e uma reformulação mais prudente e acautelada de hábitos de consumo, inclusivamente reduzindo-o a bens essenciais.

Portugal não está imune a este risco, nem protegido da inflação energética e alimentar. O nosso país tem, inclusivamente, apresentado números que revelam uma clara contração económica, com impactos inevitáveis nas finanças familiares.

Quais as consequências da recessão para as famílias?

A recessão económica pode representar um grande desafio para a gestão orçamental dos portugueses, desde aspetos mais essenciais, como a manutenção do emprego, a dimensões mais globais, como a rentabilidade de investimentos.

1. Aumento do desemprego

Com a contração económica aumenta o desemprego, na medida em que a quebra de produção e, consequentemente, de resultados, obriga as empresas a ponderarem cortes nas despesas, como as associadas aos vencimentos dos colaboradores. Este cenário pode ir mais longe e até obrigar as empresas a declarar falência e a encerrar definitivamente, extinguindo-se assim todos os postos de trabalho.

2. Redução do orçamento familiar

Aumentando o desemprego, diminui necessariamente a fonte de rendimento familiar, o que faz com que as famílias enfrentem um golpe especialmente duro. Com um menor poder de compra, poderão ficar comprometidos hábitos de consumo, mesmos os mais básicos, com uma grande queda na sua qualidade de vida.

3. Retração dos investimentos

Uma economia em recessão não é atrativa para receber novos investimentos. Quem investe é desencorajado pela falta de garantias e de estabilidade, pelo que procura alternativas noutros mercados que apresentem um menor índice de risco – ou então prefere poupar para preservar os seus fundos de emergência.

Fonte: Executive Digest