Criar valor e conhecimento para as empresas associadas
Nesta minha passagem de testemunho para o meu colega e amigo Romão Braz e de acordo com o título e conteúdo desta edição da Revista “AA”, é oportuno fazer um breve balanço dos mandatos a que tive a honra de presidir nos últimos 6 anos. Iniciámos este percurso em 2012, num período marcado pelo plano de ajustamento económico-financeiro negociado com a Tróika, em condições bem difíceis para o País, para as empresas, com impacto negativo no nosso Setor. Enfrentámos inúmeras greves dos trabalhadores portuários, a mais visível em 2016, para as quais estivemos na primeira linha na defesa dos nossos interesses junto do Governo e decisores políticos. Numa linha de continuidade que já vinha de anteriores Direções, o nosso foco continuou a ser a preocupação com o aprovisionamento de matérias-primas e ingredientes para a alimentação animal, em qualidade e disponibilidade, ao mesmo tempo que importava promover a competitividade da Indústria e da Fileira pecuária e a sua capacidade de afirmação no panorama agro-alimentar. Foi um período de grande resiliência e de relançamento do sector agrícola e pecuário na economia nacional e junto da opinião pública, de crescimento das exportações.
Num diálogo permanente com a Administração Pública, nacional e internacional, defendemos os interesses dos nossos associados, abrimos a Associação a novas actividades na fileira da alimentação animal e reforçámos as ligações aos nossos congéneres a montante e a jusante da nossa actividade. Reforçámos parcerias com as entidades do conhecimento e da investigação. Apostámos na comunicação, para dentro e fora do nosso universo, melhorámos a Revista, as iniciativas temáticas, as reuniões com as empresas. Em Bruxelas, passámos a representar a Espanha – o grande produtor europeu – e com cargos relevantes no seio da FEFAC, fomos e somos prestigiados, reconhecidos pelo trabalho. No plano interno, lançámos dois projectos claramente estruturais: o alargamento da Associação, que permitiu crescer em número de empresas e em massa crítica, reforçando a SPMA, pioneira, com a então SFPM, das Jornadas de Alimentação Animal, uma referência no sector, que se iniciaram a partir das ideias de Pedro Folque e do saudoso Fernando Anjos; o QUALIACA, que se reforçou, já é bem conhecido de todos e é hoje um instrumento de inegável valor no controlo de qualidade e na criação de confiança dos nossos associados. Destaco ainda a homenagem da CESFAC, em 2014 e o orgulho de continuar a representar a Espanha no Praesidum da FEFAC. Ou a nossa participação em projectos como a soja sustentável ou a Visão FEFAC 2030.
Mas nem tudo foram êxitos, também tivemos as nossas frustrações e projectos que não tiveram continuidade, seja por culpa própria ou porque, provavelmente, não foram bem interpretados.
Refiro, por exemplo, o Interprofissional na Fileira da Carne de Porco, apesar dos Memorandos de Entendimento e dos eventos que realizámos em conjunto com FPAS e APIC, ainda é um sonho por concretizar; a campanha “Peço Português”, com o apoio do então Presidente da República, que não teve continuidade, integrando-se num movimento mais vasto no âmbito do “Portugal Sou Eu”; as visitas às empresas associadas que, espero, venham a ter continuidade através dos serviços da IACA, a Contratação Coletiva de Trabalho que, infelizmente, se arrasta, não tendo sido possível chegar a um acordo com os Sindicatos; a litigância com a ACICO, com uma providência cautelar contra o QUALIACA, em 2015, seguida de uma Ação em Tribunal, sem fim à vista, com a consequente degradação das relações institucionais que não é normal em Associações que estão “condenadas” a entenderem-se. No entanto, a IACA tem de continuar a defender as suas causas e aquilo em que acredita e estamos certos de que o QUALIACA é relevante e importante para uma melhor segurança alimentar e para o País, confirmado e reforçado pela cooperação com a DGAV. Pelo caminho, o apoio e dedicação dos meus colegas da Direção e dos Orgãos Sociais, dos colaboradores da IACA, do Jaime Piçarra e relembrando a Fátima Ferreira e o Dr. Fernando Anjos, que faleceram no decurso dos meus Mandatos. Mas sobretudo o orgulho de servir as empresas associadas, com quem muito aprendi e cresci, como pessoa e profissional.
Continuarei a servir a IACA, na Direção, na FIPA ou em Bruxelas, no quadro da FEFAC, procurando dar o meu melhor em prol dos interesses da Indústria, com a certeza de que, a partir do Plano de Ação e da entrevista do nosso actual Presidente, a aposta da IACA, tendo em conta os novos desafios que temos pela frente, é a de continuar a criar valor, formação, informação e conhecimento para os seus associados. Sem esquecer a linha de continuidade, já temos novos projectos igualmente relevantes para o futuro: o FeedMed, a comunicação, a inovação, investigação e desenvolvimento, pela parceria com o INIAV e a UTAD, ou as iniciativas de formação com a DGAV.
Para criar e acrescentar valor às empresas Associadas.
Cristina de Sousa
Diretora da IACA