Uma equipa de investigação liderada pela Universidade Estadual do Colorado descobriu que a indústria da pecuária bovina pode reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) até 50% em certas regiões, sendo que os Estados Unidos da América e o Brasil são as regiões que têm o maior potencial de redução. O estudo analisou 12 estratégias diferentes para reduzir as emissões mundiais da produção bovina, informa a universidade, em notícia do site.

Das várias estratégias analisadas, a investigação afirma que o uso generalizado de práticas melhoradas de gestão de ranchos em duas áreas distintas levaria a reduções substanciais das emissões. Isto inclui uma maior eficiência para produzir mais carne de bovino por unidade de GEE emitida – crescendo vacas maiores a um ritmo maior – e estratégias de gestão do terreno reforçadas para aumentar o sequestro de carbono pelo solo e pelas plantas em pastos.

Resultados gerais

Globalmente, os bovinos produzem cerca de 78% do total das emissões de GEE feitas pelo gado. No entanto, de acordo com a autora principal do estudo, Daniela Cusack, existem várias soluções de gestão conhecidos que, se adotadas de forma geral, podem reduzir, embora não totalmente, a pegada da indústria da carne de bovino.

De forma geral, a equipa de investigação descobriu que existia uma redução de 46% das emissões por unidade de bovino nos locais que utilizavam técnicas de gestão de sequestração de carbono em pastos, incluindo a utilização de alterações orgânicas do solo e a regeneração de árvores e vegetação perene para áreas de florestas degradadas, bosques e margens de rios. Adicionalmente, os investigadores descobriram uma redução global de 8% nas emissões de GEE alcançada em locais que utilizavam estratégias de eficiência de crescimento. No entanto, as emissões zero só foram conseguidas em 2% dos estudos.

“A nossa análise mostra que podemos melhorar a eficiência e a sustentabilidade da produção de carne de bovino, o que reduziria significativamente o impacto climático da indústria”, afirmou também a professora assistente no Departamento de Ciência e Sustentabilidade do Ecossistema da CSU, Daniela Cusak.

Daniela Cusak, que é ainda investigadora associada do Smithsonian Tropical Research Institute no Panamá, acrescenta que “ao mesmo tempo, nunca alcançaremos emissões líquidas zero sem mais inovações e estratégias para além da gestão dos terrenos e do aumento da eficiência de crescimento. Há muito espaço, globalmente, para melhorar”.

Brasil e Estados Unidos da América

Os investigadores analisaram 292 comparações de sistemas de produção de carne de bovino “melhorados” na Ásia, Austrália, Brasil, Canadá, América Latina e Estados Unidos. A análise revelou que a produção brasileira de carne de bovino é a que tem mais potencial para a redução de emissões.

Nos estudos analisados, os investigadores encontraram uma redução de 57% das emissões de GEE através de estratégias de gestão melhoradas tanto para o sequestro de carbono como para a eficiência de produção no Brasil. Estratégias específicas incluem melhoria da qualidade dos alimentos para animais, melhores seleções de raça e uma melhor gestão de fertilizantes.

O maior impacto foi verificado na gestão integrada do campo, incluindo esquemas de pastoreio rotativo intensivo, a adição de compostos de solo, a reflorestação de áreas degradadas e a plantação seletiva de plantas forrageiras criadas para sequestrar carbono nos solos.

Nos EUA, os investigadores descobriram que estratégias de sequestro de carbono, como a gestão integrada de campo e o pastoreio rotativo intensivo, reduziram as emissões de GEE de carne de bovino em mais de 100% – ou alcançando-se emissões líquidas zero – em alguns sistemas de pastoreio. Mas, segundo a investigação, as estratégias de eficiência não foram tão bem-sucedidas nos estudos dos EUA, possivelmente devido a um uso já elevado das estratégias na região.

Futuro

Embora a investigação demonstre uma redução significativa das pegadas de GEE da produção de carne de bovino utilizando estratégias de gestão melhoradas, os cientistas ainda não conhecem todo o potencial de mudança para estas práticas de redução de emissões, porque há muito poucos dados sobre os níveis de adoção prática em todo o mundo.

O estudo, intitulado “Reducing Climate Impacts of Beef Production: A synthesis of life cycle assessments across management systems and global regions, foi publicado a 5 de abril no Global Change Biology.

Fonte: Vida Rural