Olhos postos no futuro

Apraz-me ver que a indústria à qual pertenço orgulhosamente continua de olhos postos no futuro, em busca ativa de soluções para os desafios que se vão atravessando no nosso caminho. Isto ficou claro na Reunião Geral da Indústria, no passado mês de maio, na qual o foco foi a Inovação e a Competitividade da Indústria no Horizonte 2030, e onde o nosso Presidente, José Romão Braz, destacou os principais obstáculos que o setor enfrenta. Um dos mais pertinentes é a comunicação, especialmente os desafios colocados pelas redes sociais. Poder-se-ia pensar que um setor como o nosso, tradicional e talvez ainda com um caminho a percorrer no que respeita à comunicação, demostrasse alguma resistência a estas temáticas. No entanto, o que vejo é uma abertura à discussão destes tópicos: como contornar a desinformação existente e a má imagem que os produtos de origem animal por vezes enfrentam, num mundo onde a globalização da informação nem sempre atua nos melhores interesses do consumidor, especialmente face às diferenças profundas a nível legislativo na produção animal na EU, quando comparada com outros mercados.

Julgo que a abordagem proactiva da IACA e dos seus associados é vital para a transformação positiva da nossa imagem. Devemos demonstrar que acreditamos no nosso trabalho, nos nossos produtos, com os quais nos alimentamos, a nós e às nossas famílias e, em última instância, alimentamos a população mundial, que tão insaciável se tem mostrado. A nossa Missão é alimentar o mundo.

Isto ficou claro em Fátima, durante as apresentações do primeiro painel, em que se evidenciou a necessidade de visar os desequilíbrios na alimentação a nível mundial, o desperdício e obesidade nos países desenvolvidos e o contraste com os países em desenvolvimento. O foco da FEFAC na segurança alimentar, nutrição animal e sustentabilidade como visão da Indústria, assunto que tive o prazer de apresentar aqui, num editorial passado, leva-nos de volta àquelas que são e serão as preocupações recorrentes da nossa Indústria: poder contar com matérias-primas de qualidade, em quantidade e com responsabilidade!

Certamente que este caminho só será possível se nos aliarmos (e ao nosso saber) a quem faz investigação e desenvolvimento de vanguarda, sempre em parceria com a administração pública e os organismos legislativos, de forma a garantir que as decisões futuras são tomadas de forma informada e apoiada na melhor ciência disponível. Os diversos projetos apresentados na Reunião demonstram que já estamos avançados nesta estratégia que se me afigura de sucesso. Não posso deixar de destacar o projeto PEFMED apresentado pela FIPA, que aborda a análise do ciclo de vida dos alimentos compostos produzidos na Europa, e que conta com a participação entusiasta dos nossos associados. Julgo que este projeto é um passo essencial para a sustentabilidade ambiental do nosso setor.

A opinião dos muitos associados presentes, que não tardou em chegar-nos, é que este foi um dos melhores eventos que organizamos até à data. Fica assim levantada a fasquia e as expetativas para as VII Jornadas de Alimentação Animal, dia 27 de setembro, onde certamente continuaremos esta discussão, com muito gosto.

António Isidoro
Diretor da IACA